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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Maquiavel ensina


Por que ler?
Para entender a política – e por que algumas pessoas são o que são.
“Os fins justificam os meios, frase que não consta no livro o “Príncipe” e que nunca foi escrita por Nicolau Maquiavel, se tornou o melhor resumo do seu pensamento. Com um adendo importante: a política talvez seja um fim em si mesma”.
De que modo escapar aos aduladores Tem muito governo, político e executivos que são cercados por assessores despreparados que temem dar conselhos e dizer a verdade em determinados momentos.
O poder exerce tanta influência na vida de um governante que às vezes ele acaba cegando os olhos para a realidade e tomando decisões erradas.
O texto a seguir, escrito por Maquiavel em 1513, está atualizado e serve para a nossa realidade. É uma leitura indispensável para os profissionais de marketing político e auxiliares diretos (Secretários, Diretores): Não quero deixar de tratar de um ponto importante, de um erro do qual os príncipes (governantes) só com muita dificuldade se defendem, se não são de extrema prudência ou se não fazem boa escolha.
Refiro-me aos aduladores, dos quais as cortes estão repletas, dado que os homens se comprazem tanto nas suas coisas próprias e de tal modo se iludem, que com dificuldade se defendem desta peste e, querendo defender-se, há o perigo de tornar-se menosprezado.
Não há outro meio de guardar-se da adulação, a não ser fazendo com que os homens entendam que não te ofendem dizendo a verdade; mas, quando todos podem dizer-te a verdade, passam a faltar-te com a reverência.
Portanto, um príncipe (governante) prudente deve proceder por uma terceira maneira, escolhendo em seu Estado homens sábios e somente a eles deve dar a liberdade de falar-lhe à verdade daquilo que ele pergunte e nada mais.
Deve consultá-los sobre todos os assuntos e ouvir as suas opiniões; depois, de liberar por si, a seu modo, e, com estes conselhos e com cada um deles, portar-se de forma que todos compreendam que quanto mais livremente falarem, tanto mais facilmente serão aceitas suas opiniões. Fora aqueles, não querer ouvir ninguém, seguir a deliberação adotada e ser obstinado nas suas decisões. Quem procede por outra forma, ou é precipitado pelos aduladores, ou muda freqüentemente de opinião pela variedade dos pareceres; daí resulta a sua desestima.
Quero, a este propósito, aduzir um exemplo atual. Pe. Lucas, homem do atual Imperador Maximiliano, falando de Sua Majestade, disse que ele não se aconselhava com ninguém e não fazia nada a seu modo; isso resultava de ter costume contrário ao acima exposto. Porque o Imperador é homem discreto, não comunica a ninguém os seus desígnios, não pede parecer; mas, como ao serem postos em prática começam a ser conhecidos e descobertos, começam, a ser contrariados por aqueles que o cercam, e ele, como é homem de opinião fraca, os desfaz.
Dai resulta que as coisas que faz num dia são destruídas no outro e que não se entenda nunca o que ele quer ou o que deseja fazer, não podendo pessoa alguma basear-se em suas deliberações.
Um príncipe, portanto, deve aconselhar-se sempre, mas quando ele queira e não quando os outros desejem; antes, deve tolher a todos o desejo de aconselhar-lhe alguma coisa sem que ele venha a pedir.
Mas deve ser grande perguntador e, depois, acerca das coisas perguntadas, paciente ouvinte da verdade; antes, notando que alguém por algum respeito não lhe diga a verdade, deve mostrar aborrecimento.
Há muitos que entendem que o príncipe que dá de si opinião de prudente, seja assim considerado não pela sua natureza, mas pelos bons conselhos que o rodeiam, porém, sem dúvida alguma, estão enganados, eis que esta é uma regra geral que nunca falha: um príncipe que não seja sábio por si mesmo, não pode ser bem aconselhado, a menos que por acaso confiasse em um só que de todo o governasse e fosse homem de extrema prudência.
Este caso poderia bem acontecer, mas duraria pouco, porque aquele que efetivamente governasse, em pouco tempo lhe tomaria o Estado; mas, aconselhando-se com mais de um, um príncipe que não seja sábio, não terá nunca os conselhos uniformes e não saberá por si mesmo harmonizá-los.
Cada conselheiro pensará por si e ele não saberá corrigi-los nem inteirar-se do assunto. E não é possível encontrar conselheiros diferentes, porque os homens sempre serão maus se por uma necessidade não forem tornados bons. Conseqüentemente se conclui que os bons conselhos, venham de onde vierem, devem nascer da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe resultar dos bons conselhos.


Texto extraído na íntegra do livro O príncipe - Maquiavel - Cap XXIII

Farinha pouca meu pirão primeiro

O processo de nomeação, como não tem limites, permite o Executivo “Presidente, Governador, Prefeito” usar nomeações para cooptar partidos políticos, a nível "Federal, Estadual e Municipal". Isso é feito para garantir vida mansa para o chefe do Executivo, mas destrói o caráter partidário dos partidos no Legislativo. O interesse por cargos traz prejuízo à representativa e à relevância dos partidos e causa devastação na eficiência administrativa. O agente público vira agente partidário. Portanto a escolha tem que ter critérios:
Uma das funções profissionais mais delicadas é de assessor.
Um bom assessor pode qualificar as ações do assessorado ou simplesmente liquidá-lo.
Um dos grandes problemas que surge na relação assessor/assessorado é quando o primeiro quer ser "maior" ou mais importante do que o segundo.
É muito comum ver assessores com o que chamo "Complexo de Autoridade".
Um assessor com este complexo sofre porque queria estar no lugar do assessorado, mas, por algum motivo ao longo da vida, não conseguiu se tonar a autoridade que um dia sonhou ser.
Assessores desse tipo acabam atrapalhando e mesmo afugentando as pessoas da autoridade ou liderança que assessora.
A rigor, o assessor é um funcionário, um servidor de alguma pessoa hierarquicamente subordinado, logo não possui competência para decidir ou falar em nome do "chefe".
Entretanto, há alguns assessores que se esquecem desta realidade e acabam tentando confundir-se com o assessorado, causando todo tipo de transtorno.
Outro erro capital cometido por alguns assessores é crise de ciúmes. Essa é de lascar!
É aquele tipo de assessor que esconde o assessorado com receio de perder a amizade, gosto, respeito e sei mais o quê do chefe.
Ao esconder o chefe, o assessor pensa estar preservando-o. Grave erro!
Um assessor seguro da sua competência não fica com medo de perder o "amor" do assessorado. Pelo contrário, deve sempre que possível fazer com que o chefe esteja disponível para as pessoas, aberto a novos contatos e novas relações políticas, sociais, profissionais etc.
Ao "blindar" o chefe de novas relações, além de se tornar uma pessoa antipática aos olhos dos outros, esse tipo de assessor acaba contaminando o assessorado com a sua antipatia.
Isso tudo sem falar que um assessor com estas características sofre de um sério transtorno de personalidade, revelando fraqueza e claro viés de incompetência por trás de uma autoridade e poder aparente.
Um bom assessor deve ser um aglutinador, um hábil profissional na arte das relações pessoais e um ótimo "ouvidor", tanto do chefe quanto das pessoas que procuram algum contato com o mesmo.
"Esse cara se acha"; "Esse cara vai acabar com o chefe dele"; Quem não já ouviu frases como estas sobre determinados assessores?
Pois é. Isso é mais comum do que se pode imaginar.
Por fim, você que é assessor de alguma autoridade, seja político, empresário, gestor público etc, lembre-se:
ü Nunca queira ser mais importante do que o seu chefe;
ü Não esconda seu assessorado das pessoas;
ü Não tenha medo de dizer aquilo que o chefe precisa ouvir, mesmo que ele não se agrade com a verdade.
ü Assessor também tem o direito de dizer "não";
ü Não caia no conto popular de que "é melhor puxar saco do puxar carroça";
ü Um líder de verdade não gosta de puxa-sacos e bajuladores.
É isso.
PS: Este artigo é um exercício de reflexão profissional e político, qualquer semelhança com algum caso na realidade é mera coincidência. 
No próximo artigo vamos falar sobre o livro o Príncipe de Maquiavel, que trata do mesmo assunto.